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sexta-feira, 11 de março de 2011
The Walking Dead -4
[AVISO DE SPOILERS! Se você ainda não viu o 4° episódio da série, recomendamos que não leia este post, ou o faça por sua própria conta e risco]
O 4° Episódio de “The Walking Dead” começa com um diálogo singelo e intenso entre duas irmãs, que enquanto desabafam acabam por encontrar consolo nas diferenças uma da outra – talvez esta “intimidade” que nos é ofertada em tela seja o maior e mais valioso trunfo da série. Rick e os outros ainda estão em Atlanta à procura de Merle, enquanto no acampamento alguns acontecimentos estranhos constroem o clima de mistério necessário para aquele que até agora foi o melhor e mais intenso dos episódios da temporada.
Tanto a belíssima cena inicial no barco (que dialoga diretamente com a última cena do episódio) quanto a outra que vemos acontecer em um tipo de asilo, exaltam de maneira embasbacante a “união apesar das diferenças”. Já cansei de escrever linhas e mais linhas denunciando a nossa insistência em abraçar o preconceito e chamá-lo de “liberdade de expressão” e, talvez por esta minha insistência no argumento, segurei-me na cadeira ao ver a mensagem que transborda a tela quando Rick, após quase entrar em conflito com outro grupo de refugiados sobreviventes em Atlanta, reconhece e se curva diante do motivo pelo qual as pessoas confiam no homem que há alguns instantes o queria matar. Guilhermo, o “solidário do apocalipse”, o “bom samaritano” daqueles dias maus, é uma luz que brilha forte na escuridão da noite mais terrível. O asilo é o contraste mais belo entre a esperança da sobrevivência e o infortúnio da morte que se aproxima depressa. A senhora idosa que surge frágil é ingênua entre homens, fardas, armas e ânimos exaltados poderia ser – por que não? – uma alusão aos ensinamentos Daquele que nos recomendou ser como Ele… “manso e humilde”.
“Vatos” é incrivelmente bem construído e é, sem dúvidas, o episódio que até agora mais me convenceu que “The Walking Dead” chegou para ficar.
Ele é aliás um oceano de possíveis alusões. A cena introdutória, um prólogo perfeito para o ritmo do episódio, enaltece um pai que soube respeitar as diferenças entre suas duas filhas, o que me lembra o quão falhos somos em valorizar a nossa individualidade – parecemos robôs pré-programados para dar “glórias a Deus” e “aleluias” quando nos convém – nos esquecemos que um bom Pai não faz acepção de pessoas, em hipótese alguma! Rick e sua lealdade (não só ao amigo, mas aos princípios que nos cativam ao personagem) me fizeram lembrar do pastor que sai em busca da única ovelha entre outras 99 que se desgarrou do rebanho – cada indivíduo tem seu valor e vale a pena lutar por ele. Jim e seu momento de delírio, que se revelaria em breve uma desgraçada premonição, e a maneira como este trata o menino Carl de certa forma me recordaram que não importa o que aconteça, todo mundo é digno do mínimo de respeito… no mínimo. Mesmo que seja “apenas” uma criança – recordei-me de um Jesus pouco lembrado pelos religiosos endinheirados do nosso tempo: o Jesus que pegava crianças no colo e que dizia ser delas o Reino que sempre lhe pertenceu. O velho à beira da fogueira explicando-se sobre o seu relógio, que parecia aos olhos alheios não fazer sentido já que agora o tempo não é tão importante assim, me fez voltar os olhos ao que dizia o Mestre sobre não ficarmos ansiosos por coisa alguma.
Mas, e os zumbis? Faz tempo que não os vejo aparecer “em massa” na série (se você se preocupa com isso, vai esquecer a preocupação assim que o episódio acabar). Estamos agora abrigados dos perigos que ameaçam nosso bem estar? Estamos livres do ataque dos mortos-vivos? E Merle, onde ele está? Se não foi ele quem roubou a van em Atlanta, quem o fez? A temporada caminha para o seu desfecho e alguns mistérios ainda se sustentam no roteiro da série.
Entretanto, o que me deixa cheio de esperanças para o que está por vir é que posso ver uma “série de zumbis” com os olhos ainda fitos na fé que carrego no peito, afinal estamos ali! Sim, estamos lá. Somos como zumbis ou como refugiados. Somos aqueles que lutam contra o mal que nos rodeia, ou os que persistem bravamente em batalhar contra nossos próprios medos, conflitos, paixões, perdas e tudo mais. Somos os olhos atentos à história que nos é contada, mas somos também os pés que trilham um caminho paralelo a tudo aquilo.
Zumbis ou remanescentes, estamos todos em busca da mesma coisa: sobreviver bravamente ao caos inegável dos nossos dias.
by GG
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