No final do meu período letivo (2009), em um momento de descanso, iniciei uma conversa com Eduardo Guedes no MSN, e nesse papo surgiu um assunto muito interessante: a importância do testemunho cristão e a dificuldade de viver essa tão maravilhosa vida cheia de “restrições” e obrigações.
O ponto central do nosso assunto se referia ao motivo de o cristão encontrar tanta dificuldade em ter uma vida embasada nos princípios de Jesus. Ou seja, caímos nos mesmos pensamentos e dúvidas de Asafe no Salmos 73, no qual ao analisar a vida do ímpio, o salmista não se conforma em ver alguém que as vezes sequer crê em Deus, levar uma vida aparentemente muito melhor e mais fácil que a vida do justificado. E eu, maluco como sou, tentei responder a tal questionamento. Tentarei deixar aqui, de forma simples, o que eu tenho para mim como resposta a essa dúvida.
Eu acredito haver três motivos plausíveis para isto. O primeiro é o que fica mais claro para qualquer cristão: a luta entre a carne e o Espírito. “No mundo”, éramos escravos do pecado, mas hoje, enquanto cristãos, podemos e devemos escolher o correto, inobstante nossa carne seja naturalmente inclinada para o pecado e os prazeres mundanos. O segundo é talvez o mais “macabro”, porém muito real: nós somos constantemente atacados pelos poderes das trevas, pelas potestades. O diabo gasta o tempo dele para tornar a vida do justo um inferno, ele quer é fazer o salvo sofrer. Esses dois motivos são fáceis de entender e aceitar. Mas o que observo como terceiro motivo é, para mim, o mais difícil de ser admitido e vivido. O cristão, principalmente o jovem, muitas vezes não entende a maneira proposta por Jesus para se viver na terra.
Jesus nos trouxe reconciliação com Deus, um Deus que quer intimidade conosco. Nós somos chamados amigos e filhos do Criador, ambas posições de um relacionamento íntimo. Isso é meio óbvio, entretanto muitas pessoas ainda não caíram na real acerca disso.
Por muito tempo eu achava que se vivesse uma vida de restrições, privações, ou melhor, uma vida chata e reprimida, eu agradaria o coração de Deus, e Ele se alegraria comigo, e de alguma forma, faria da minha vida maravilhosa. Mas como ter uma vida abundante se eu faço dela uma miséria? Até que eu finalmente compreendi a nova vida proposta e oferecida por Jesus, uma vida de intimidade, uma vida aberta e sincera com Deus, um Deus que não se aproxima de mim pelas minhas obras, pelo meu “status” ou meu mérito, mas que se achega conforme a minha busca por intimidade (sim, eu sei que é feio e chato repetir muito a mesma palavra), e que ao se aproximar de nós, Ele torna possível uma vida santa e pura nos Seus caminhos. “Buscai com humildade e gratidão”... para mim essas duas características são a “chave” para um relacionamento com Deus.
Deu para entender a diferença? Eu achava que alcançaria intimidade através de uma busca por santidade, e “quebrei a cara” varias vezes, pois acabava entrando no legalismo, tornando tudo impossível de ser vivido. Hoje entendo que alcançarei santidade através da intimidade. É literalmente uma inversão de raciocínio. Se na frente de Deus você faz coisas que certamente não faria na frente dos seus pais, isso demonstra que você não tem a intimidade com Jesus que precisa ter. E não tem porque não busca, pois essa é a nova realidade oferecida e apresentada por Ele. Se buscarmos um relacionamento próximo e constante com o Senhor, a vida se encaixa, a santidade passa a se tornar possível, tangível.
Enfim, não pretendo aqui esgotar o assunto, até porque nem tenho o conhecimento teológico para esse aprofundamento. No entanto, creio ser importante colocar esse assunto em pauta, visto que infelizmente muitos acabam tendo a falsa percepção de que a vida cristã é restrita e chata. Mas afirmo, com a mais absoluta certeza, que viver com Jesus é muito mais do que isso.
Davi Gripp Tavares